Hey, dá uma desacelerada

Ansiedade é um problema sério, todo cuidado é pouco e cada coisa que você pode fazer para se ajudar já vai causar um impacto positivo gigante na sua saúde.

Acredito que esse texto será um pouco curto, mas é sobre algo muito importante que aprendi com uma experiência recente (antes de ontem, aliás).

Eu sou programador. Como programador (os programadores aqui vão entender bem), acabo sendo extremamente acelerado algumas vezes: são muitos projetos para trabalhar, de contextos diferentes, e tudo é pra ontem. Para ajudar, eu tenho a mania (feia) de querer sempre tentar resolver qualquer problema que aparece por perto. Então, não basta já estar com trocentas tarefas: todo dia eu vou lá e pego mais uma.

Imagem de um cachorro com aspecto de cansado, olhando fixamente para a tela de um computador, como se fosse um desenvolvedor tentando resolver um bug a horas.

Acontece que todos nós temos um limite, e eu cheguei perto desse limite no último final de semana. Mas, tenho bons (maravilhosos) amigos, e quatro deles chegaram para mim e (sem saber de nada) me disseram a mesma coisa: “Gui, dá uma desacelerada”.

Como você poderia ouvir quatro vezes o mesmo conselho e não entender o recado? Tive que desacelerar.

Mas não é sobre isso, exatamente, que eu vim falar. Acontece que, fazendo uma reflexão sobre essa minha mania de colecionar mais e mais responsabilidades (principal razão de estar o tempo todo acelerado), percebi algumas coisas legais, e são elas que eu gostaria de compartilhar com vocês.

Então, se você é do tipo que tá o tempo todo no 440, gostaria que você desse uma lida nisso e, se quiser, a gente poderia trocar uma ideia no final.

Vamos lá.

Primeiro: nunca vai parar de vir coisas para fazer

Imagem de um homem com camisa social, aparentemente em um escritório, e coberto de post-its (inclusive no rosto).

Um erro que eu cometi diversas vezes: “Se eu me concentrar só nessa tarefa por uns dias, ela acaba e eu fico tranquilo”. Aí eu fico focado e, realmente, termino.

Aí aparece outra tarefa. E eu pensava o que? “Se eu me concentrar de novo, o dia inteiro, mato a tarefa e fico de boa”.

Acontece que é um círculo vicioso. Nunca para de vir tarefa e, quanto mais tempo você dedica, mais rápido você termina e mais rápido vem outra tarefa.

Segundo: sem organização, eu não completo nada

Homem de costas para a foto, olhando fixa e pensativamente para uma parede coberta de papéis de projetos.

Outro erro que eu sempre cometia: Estou atuando em três projetos. Na hora de trabalhar no primeiro projeto, não me concentrei nele e não terminei tudo o que eu tinha que fazer. Acabei tendo que usar tempo do segundo projeto pra terminar. Mas, aí, enrolou ainda mais as coisas do segundo projeto, que já estavam atrasadas do dia anterior. Vou fazer o quê? Não trabalho no terceiro projeto e uso o tempo dele pra tentar fazer tudo o que tinha de fazer da segunda tarefa.

Perceberam a bola de neve se formando?

Precisamos ser firmes com horário que nós mesmos definimos. Sei que não dá para ser 100%. Nessa quarentena, estou de home office e moro com outras pessoas. Realmente, é muito difícil definir um horário e estar 100% focado nesse horário.

Porém, pelo menos o horário de início e término é muito importante. Porque é muito fácil você se encontrar num cenário onde você não tem mais vida, e está totalmente dedicado ao trabalho.

E esse estilo de vida não é saudável para ninguém.

Terceiro: eu precisava definir as prioridades

Uma lista de tarefas e caneta em branco em cima de um calendário.

Eu gosto demais de conversar. Por mim, eu ficava o dia inteiro trocando ideia com os meus amigos. O problema é que, se eu ficar conversando enquanto devia trabalhar, eu não vou completar nada do que eu tinha que completar, e isso coopera com o segundo problema.

Falando por mim, como programador: se eu estou concentrado pra resolver um problema e vejo uma notificação no celular, acontecem sempre duas coisas:

  1. A curiosidade vai ficar gritando pra saber o que é;
  2. Eu vou parar, ler, conversar por uns 10 minutos;
  3. Vou voltar pro código e precisar retomar toda a linha de raciocínio (às vezes demora);

E isso tudo acontece por causa de uma notificação só.

Então, o que eu tenho feito? Deixo o celular longe de vista. Porém, como preciso usar o Whats em um dos projetos, abro de tempos em tempos (quando possível) pra falar com quem tenho que falar.

Por que isso é importante?

Homem de terno e gravada, deitado numa praia, coberto de água, como se tivesse desmaiado.

No sábado, entrei em um hackaton, mesmo sem saber como teria tempo pra trabalhar nele (já estava calculando o mínimo de horas de sono que eu preciso pra eu não morrer). No domingo, quando recebi a quarta mensagem falando sobre "dar uma desacelerada", resolvi que o melhor mesmo era desistir do evento e sair da equipe. Foi uma questão mais de saúde do que de falta de vontade, porque estava louco para participar.

Quando fui falar com o líder da equipe, ele foi super compreensivo, concordou que o melhor era desacelerar mesmo (seria ele o quinto a me falar isso?) e compartilhou uma história pessoal.

Ele, assim como eu, era acelerado. Pegandotrocentascoisas pra fazer, ao mesmo tempo, trabalhando o tempo todo. Mas, quando ele percebeu que precisava desacelerar, já era meio tarde (ainda que mais cedo do que muitos desenvolvedores). Hoje ele precisa tomar remédio (leve) para dar essa desacelerada.

O que eu quero dizer é: pode parecer meio bobo pensar em desacelerar. Muita gente enche o peito para falar que não precisa, que aguenta lidar com cobrança, pressão e estresse. O problema é que, quando percebe que precisa se cuidar, já passou um pouco da linha.

Ansiedade é um problema sério, todo cuidado é pouco e cada coisa que você pode fazer para se ajudar já vai causar um impacto positivo gigante na sua saúde. Então, agora sou eu que te pergunto: que tal dar uma desacelerada?

Dois pés para cima de, ao que parece, um sofá, passando a ideia de tranquilidade e leveza.

Bom, fico por aqui. Espero que tenham gostado e, se quiserem conversar, só me chamar no LinkedIn ou no próprio Instagram, como disse, eu adoro conversar. Fiquem com Deus e se cuidem!

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